terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cesária não é parto! É cirurgia !



 Ninguém mais acredita na natureza do corpo. O natural, tão falado e defendido na vida, está fora de moda na maternidade. O parto é um evento médico, algo arriscado, que precisa ser monitorado, observado, assistido com todo aparato tecnológico. Parir naturalmente é quase retroceder. Afinal, para que abrir mão da tecnologia para parir como faziam os antepassados?

Os religiosos dizem que Deus nos deu ferramentas para que possamos parir sem sofrimento e que negar a tecnologia é negar Deus. É um ato de desamor ao rebento. Esse tipo de pensamento busca validar o modelo vigente, em que mulheres são pacientes e nossos filhos “produtos conceptuais” que podem ser extraídos a partir de 37 semanas de acordo com as necessidades da agenda médica.

É tão mais cômodo sair com a malinha e voltar com um bebê. Tudo programado, certinho, asséptico, monitorado, fotografado. Mas, quem se beneficia? Os hospitais, os médicos, anestesistas, pediatras e toda indústria que lucra com nossa descrença na natureza.

Ninguém fala que o pulmão da criança não está pronto e é a maturidade que dá início ao trabalho de parto. Se quiser fazer cesárea, pelo menos espere o início do trabalho de parto. É algo não programável, mas um ato de amor e respeito em relação a vida que está no nosso ventre e sob nossa responsabilidade. E procure saber o que acontecerá com seu filho quando ele nascer. Faça desta passagem algo menos traumático possível. Mesmo se todo mundo faz isso ou aquilo, você pode escolher. Basta assumir a responsabilidade, as rédeas que serão fundamentais em toda a maternagem.

O mundo sempre terá na manga uma medida tecnológica para fazer acreditar que sua natureza não é perfeita. Mas quero ver o dia em que inventarão árvores de borracha, animais eletrônicos, ar e vida para suprir o que estamos eliminando dia a dia em nossa valorização tecnológica. Talvez, em pouco tempo, bebes serão gerados fora do corpo, com óvulos e espermatozóides pré-selecionados. Fazer um bebe por vias naturais poderá ser um crime, peitos como fonte de alimento, um ato sexual.

Eu acredito que a tecnologia deveria ser usada quando os recursos naturais verdadeiramente falharem. Que as pessoas cuidem de seus corpos, com alimentação física e espiritual, bem antes da concepção. Afinal, o óvulo já está no corpo desde que nascemos. Assim a junção de moléculas de carbono disponíveis no universo aconteça com a máxima qualidade. Que possamos ter pensamentos amorosos e uma gestação tranqüila. E que o parto seja uma grande viagem.
Que cada contração seja um ato de amor. Em que se escolhe trazer ao mundo um bebe sem medicamentos em seu cérebro, para que ele reconheça isso por toda vida. Que opte por não ter anestesia para que o bebe esteja desperto e seja recebido por braços fortes e uma mãe consciente.

Que o pós parto seja um reconhecimento sem camadas de tecidos cortadas, sem a batelada de medicamentos que se toma depois de uma cirurgia. Que o peito seja exclusivo até 6 meses e até quando for prazeroso para ambos.

Claro que as vezes as coisas acontecem fora do nosso controle. Existem as cesáreas necessárias, a verdadeira restrição da amamentação. A maternidade não se resume a via de parto. Não se resume ao tempo que o bebe mamou no tempo. É o conjunto da obra que faz diferença.

Somos resistentes de um sistema. Acredito que em pouco tempo seremos raridade. Afinal 80% das mães são submetidas a uma cirurgia para fazer nascer seus bebes e a média de amamentação é de 23 dias. Amamentar em público é tão raro que gera desconforto. Dar peito para uma criança é quase como ser refugiada de um tempo antigo.

Mas que possamos permanecer na resistência, em busca de um nascimento ecológico e uma maternagem natural.
FONTE: BLOG DAS MAMIFERAS

Até Breve.

Dalin Sant' Anna
  Mãe da Beatriz

Nenhum comentário:

Postar um comentário